terça-feira, 22 de junho de 2010

Em memória do Júlio Freire


Amigo José Vareda, se houver algo para lá da morte o camarada deve interrogar-se porque razão um velho rabugento vindo dos confins de Angola vem para a Marinha Grande, concebeu e pôs em prática um Memorial em homenagem à sua memória.

Foi porque José Vareda era um grande advogado? Dirigente competente? Lutador social? Brilhante inteligência? Amigo do Xadrez? Na verdade, não… Chegou a altura de esclarecer o mistério, aproveitando as páginas deste documento referente ao 11º Memorial.
Vamos recuar até ao distante ano de 1958, campanha do General sem medo Humberto Delgado, prisão do Aljube.
O Doutor lembra-se do seu companheiro de cativeiro? Um homem de meia-idade, antifascista anónimo natural do Pombalinho… Esse mesmo, o Júlio Freire! Uma sólida amizade os uniu ao ponto de formarem uma Escola dentro da cela colectiva, o Doutor ensinava inglês o Júlio Freire contas. Assim algumas dezenas de antifascistas passaram melhor o tempo e de uma forma útil. Quando libertados, o José Vareda passou a enviar todos os anos um postal de amizade ao humilde padeiro do Ribatejo que morreu de emoção após o 25 de Abril, ainda cheio de dívidas por ter dado pão a meia aldeia no período após guerra.
Amigo Doutor, foi devido ao companheirismo que vos uniu e à vossa amizade, por tudo isso eu criei o Memorial José Vareda.
Falta acrescentar que as minhas filhas são netas do Júlio Freire.

Marinha Grande, 30 de Janeiro de 2000
José Bray

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